Eutanásia

Um cientista trabalhou cerca de 30 anos na investigação de Raios-X. O seu corpo foi irremediavelmente afectado pela radiação e o seu maxilar, mão esquerda e vista estão comprometidos. Na sua mão direita já teve de amputar dois dedos. Prognóstico médico dá-lhe cerca de um ano de vida com sucessivas cirurgias dolorosas e tratamentos agressivos. A eutanásia é motivo de discussão a legal e ético a nível nacional, mas não é legal.

O cientista implora aos seus 3 irmãos mais novos que acabem com o seu sofrimento. O mais novo acaba por aceder e após vaguear pela cidade e ter bebido, dirige-se ao hospital, armado, e mata o irmão.

Se fizessem parte do júri no caso do irmão condenavam-no? Porquê?

7 comentários:

Anónimo disse...

A Eutanásia (do grego ευθανασία - ευ "bom", θάνατος "morte") em termos médicos é o acto pelo qual se abrevia a vida de um paciente incurável de forma controlada e assistida por um especialista.

Existem dois tipos de eutanásia a passiva e a activa, no caso de Portugal ambas são ilegais.

A "eutanásia activa" contempla um conjunto de acções que têm por objectivo pôr término à vida, na medida em que o procedimento é negociado entre o profissional de saúde e o paciente.

A “eutanásia passiva” ao contrário da anterior não provoca a morte deliberada do paciente, ou seja, não há uma acção directa que provoque a morte (ex. Administração de uma dose letal). O que sucede neste tipo de eutanásia é a interrupção de quaisquer acções que tenham por fim prolongar a vida, tais como a administração de fármacos.

Tendo já exposto o que é a eutanásia do ponto de vista médico e não querendo alongar mais o texto vou passar à minha opinião pessoal.
Aproveito para deixar claro que não sou a favor nem contra a Eutanásia. Cada caso é um caso e neste em concreto têm que ser ponderadas várias questões.
• Atentou contra a vida de outrem? (resposta óbvia)
• Aos olhos da lei cometeu um crime? (outra resposta óbvia)
• Foi uma acção premeditada? O autor do disparo estava na posse das suas faculdades plenas quando realizou o acto?
• A acção pode ter sido influenciada pelo estado de embriaguez?
• Foi um acto de amor ou foi um acto de egoísmo por não conseguir lidar com o sofrimento do irmão?
• O paciente quando realizou o pedido para que colocassem termino à sua vida estava consciente/orientado? A sua situação não poderia ser atenuada pelos cuidados paliativos?
• Será que o fim de poupar o sofrimento do irmão pode ser usado como desculpa para o seu acto?

Depois de levantar estas questões e de muito ponderar o meu voto seria para uma condenação.
Se tivermos em consideração a definição médica, o autor do disparo não cometeu eutanásia mas sim homicídio. Por melhor que fosse a sua intenção e por grande acto de amor que a acção pudesse ser considerada, o facto é que ele cometeu um crime aos olhos da lei, a pena é que pode ser aplicada tendo em atenção os factores atenuantes.

Ritó disse...

Sim! e passo a explicar! Não podemos andar por ai ao tiros e a matar as pessoas que estão a morrer! compreendo a situação dele, e tb considero que muitas vezes não há qualidade de vida e as pessoas têm o direito de não sofrer mais! aquilo que tem de ser ponderado é, não se o irmão deve ser condenado ou não, mas sim, o direito à "paz" do homem que eventualmente vai acabar por partir, mas infelizmente ainda tem de sofrer bastante.

rfranco\\ disse...

não... e não preciso de explicar!!!

Ana Rufino disse...

nada disso seria discutido se as pessoas pudessem decidir a sua morte... algo que está a ser feito em POrtugal. MAs vai demorar mto pra acontecer.
Se a morte assistida fosse um direito em todos os países nenhum pai, irmão, filho, tio, primo teria de implorar que o matassem pra por fim ao sofrimento de todos.
o irmão cumpre o desejo do irmão e como vive com isso durante a sua vida?o irmão nao cumpre o desejo do seu irmão e como vivem todos?

Agora depende da consciência de cada um ...

Zell disse...

O que anda em discussão em Portugal são os cuidados paliativos. No fundo, nada mais que morte assistida mas com uma mais longa duração e custo tanto emocional como monetário.

O principal dogma das legislações anti-eutanásia são sempre a defesa da sacralidade da vida humana. Ora esta situação nem sempre pode ser usada como0 exemplo, não fossemos nós um animal propenso à violência, e que já inventou inúmeras maneiras de matar o seu semelhante e já por 2 vezes cobriu o mundo em guerra. Temos países onde é enforçada a pena de morte, e mesmo assim é negado o desejo de morte a um moribundo. Temos países que tem gente a morrer à fome na rua, e gasta meios em matar outros em vez de alimentar os que precisam, mas a eutanásia é proibida.

Defendemos que os nossos animais de estimação podem ter um valor igual ou por vezes até superior, a uma pessoa dada a ligação emocional, no entanto quando chega a hora levamo-los para morrer com a nossa ajuda.

Como estes existem muitos outros exemplos de hipocrisia em relação a esta polémica.

Em minha opinião, neste caso, eu condeno a acção sem dúvida, mas não o homem. Em lugar de júri não serviria de nada pois não teria qualquer força no modo de condenação do homem. Em termos morais ele agiu correctamente, mas nunca em termos legais vingentes.

Unknown disse...

Manel Parabéns, foi dos discursos melhor formulados que ouvi nos ultimos tempos. Gosto da tua relativização e a tua balança e julgamento estão muito saudáveis. Devo sem duvida concordar contigo, o problema é bem mais complexo do que um sim ou não de um caso específico, o problema é mais triste, mais profundo e fundamentalmente mais humano. Claro que também concordo contigo eu condenaria o acto mas não o homem. Além disso se eu estivesse no lugar do mano pah escolhia uma forma mais humana de pôr o mano a descansar mas enfim...!

Zell disse...

Quanto à maneira mais humana de dár término ao maninho temos de ter em conta que este caso passou-se nos anos 40-50 e um qualquer plebeu não tinha televisão a passar ER ou Dr. House 24/7 para saber que por ar na veia o mataria em 20 segundos ou um aumento na dose de drogas levaria a uma morte mais calma e pacífica, etc. etc. ;P