tem tudo a'ver em português

sem querer aproximar-me a ideologias políticas de cariz mais reaccionário ou às palavras de um determinado senhor que dá aulas numa certa faculdade, e ainda menos querendo apoiar "éxa cena du répar em tuga à'la sam the kid", acho que a expressão portuguesa enquanto palavra escrita está muito subvalorizada na cultura da minha geração.

como será obvio constatar, não vai ser o escrever algo em inglês – quando essa mesma escolha não se justifica a si mesma – que se vai encontrar provas de valor relativamente à autoria das mesmas. muitas das vezes implica exactamente o contrário: uma falta de capacidade de encontrar na riqueza do nosso vocabulário a originalidade necessária para se comunicar eficazmente sem recurso à cultura hollyhoodesca que tanto se faz sentir correr na ocidental praia lusitana.

não quero com isto menosprezar os artistas (entenda-se por artistas todos os que desenvolvem um legado associado às artes-plásticas, artes-aplicadas, instalação ou performance, literárias, líricas, cénicas ou musicais – perdoem-me se me esqueci de alguma)  portugueses que recorrem às funções gramaticais inglesas quando essa mesma escolha faz parte da estrutura da obra ou quando, por alguma razão, possa parecer mais apropriado ou eficaz(?).

é certo que muitos procuram no inglês uma maior abertura comunicacional, ainda para mais se tivermos em conta que (dizem) é a língua mais falada no mundo (custa-me um bocado a crer que alguém realmente se tenha dado ao trabalho de contar o número de falantes de inglês!). mas, e esta é uma óbvia opinião pessoal, não acredito que esse argumento seja válido ainda mais nos dias em que correm, quando com um simples "clic" podemos traduzir quase instantaneamente um texto do russo aleksandr ivanovitch herzen para uma qualquer outra língua ou, ainda mais simples, procurar esse mesmo texto já traduzido!

também não acho que seja válida a ideia – agora muito direccionado à música – que cantar algo em português pareça música pimba. aliás, há bastantes exemplos que provam o contrário, nomeadamente ornatos violeta (ou qualquer outro projecto de manuel cruz), jorge palma, dias de raiva, etc..

e também acho ridículo o novo acordo ortográfico que nos querem impingir, não porque "vamos falar à brasileiro" ou porque "facto não é fato", mas sim porque a transformação/metamorfose/mudança gramatical – quer na palavra escrita, quer na palavra verbalizada – deve acompanhar o ritmo da própria linguagem no decorrer da história e não ser forçada por uma manada de pseudo-intelectuais que procuram uma pseudo-uniformidade linguística numa pseudo-universalidade cultural.

resumindo (e sem qualquer tipo de fundamentalismo):
não sejam preguiçosos, escrevam em português (claro está, quando o contrário não se justifique)! afinal, foi em português que entraram no panteão cultural algumas das maiores/melhores obras de todo o mundo! é verdade que são poucas as coisas de que nos podemos orgulhar, mas esta é uma delas!

e é uma língua tão bonitinha....

4 comentários:

Zell disse...

http://www.krysstal.com/spoken.html ;P

Só porque "são mais que as mães"

Sèrgio Neves disse...

Quê, inspirei isto?
Vou manter o meu inglês onde o tenho e o meu português onde sempre o tive, se não te importares, mas não discordo dos teus pontos. E estava para falar de design, não de línguas, ahah.
Bom blogue, vou seguir.

rfranco\\ disse...

zell) nesse site tens de ter atenção a uma coisa: é que não enumera o nº de falantes de uma língua "ponto", mas sim o nº de falantes de uma língua enquanto língua oficial. é óbvio que havendo uma hiper-população na china, que o nº de falantes de mandarim seja maior que o nº de falantes de polaco. a questão é que dentro desse mesmo nº (quer na china, quer na polónia, quer "seja onde for") existe uma grande percentagem de pessoas que também falam inglês!

sr. chazzy) imensa desculpa pela confusão (à que tratar bem a clientela)! como fiz questão de afirmar no post – apesar do tom do discurso – não sou nenhum fundamentalista! aliás, acho muito bem que ponhas o que queres onde quiseres. demonstra muito mais carácter do que pôr o que não queres onde não te apetece! ha ha.... bem vindo à p!!! da loucura.

Zell disse...

Já a censurar a própria palavra!? PFffff