Os Irredutíveis Madeirenses

Estamos no ano 2011 d.C. Todo o Portugal está ocupado pelas tropas da
troika. Todo? Não. Uma ilha povoada por irredutíveis madeirenses
resiste ainda e sempre ao invasor. E na Madeira a vida não é fácil
para os defensores da disciplina orçamental...

Efectivamente, os governantes da nova província do Império, o
procônsul Passus Cuniculus e o questor Victor Gasparius, andam
completamente desesperados para tentar submeter a ilha à austeridade
que impuseram no Continente. Mas os irredutíveis madeirenses resistem
sempre, comandados pelos seu chefe Jardinix, que já fez saber que não
vai entregar ao Continente ocupado os tributos cobrados na ilha, que
não vai despedir ninguém e que vai continuar a gastar como sempre fez.
O chefe Jardinix não se assusta com as ameaças vindas do Continente ou
da troika, dado que só tem medo de uma coisa: que o céu lhe caia em
cima da cabeça. E ele próprio costuma dizer que amanhã não será a
véspera desse dia.

Os irredutíveis madeirenses sentem-se felizes com o seu chefe.
Enquanto o Continente ocupado está sujeito à austeridade, eles podem
comer e beber bem e dar tabefes aos invasores. Não interessa que lhes
digam que estão a gastar de mais e que não têm dinheiro para tanto. Os
irredutíveis madeirenses aproveitam o tempo presente sem pensarem no
futuro. Eles sabem que esta estória acabará como todas as outras: com
um grande festim. E o rectângulo há-de pagar a conta.

por Luís Menezes Leitão, Publicado em 20 de Setembro de 2011 ( i on-line)

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